SE EU PUDESSE FALAR SEM SER JULGADA...


 


Se eu pudesse falar sem ser julgada, começaria confessando que às vezes acordo cansada antes mesmo de levantar da cama. O despertador toca, o mundo ainda está dormindo, e eu já estou de pé — não por escolha, mas porque a vida não espera.

O café é forte, mas nunca o suficiente para segurar o peso de tantas responsabilidades. Tem dias em que parece que vivo num piloto automático: preparo a comida, cuido do meu filho, corro para o trabalho, volto para casa, lavo, limpo, organizo… e, no meio de tudo isso, tento lembrar quem eu sou além das obrigações.

De fora, pode até parecer que eu dou conta de tudo. Risos. Mal sabem eles que, às vezes, sobrevivo mais no improviso do que na organização. Tem dias que meu humor é meu maior escudo, e outros em que nem a ironia consegue me salvar.

O problema de desabafar é que sempre tem alguém pronto para apontar o dedo:
— “Você deveria ser mais grata.”
— “Pelo menos tem emprego.”
— “Um dia vai sentir falta dessa fase.”

Será? Porque na maioria dos dias, o que eu sinto é falta de tempo para respirar. Falta de poder dizer que estou exausta sem ouvir sermão. Falta de um espaço para ser vulnerável sem ser criticada.

Então criei este cantinho. Meu refúgio anônimo. Aqui eu posso rir dos meus próprios dramas, confessar verdades inconvenientes e até exagerar um pouco — porque, convenhamos, toda boa história precisa de um toque dramático.

Não vou te dizer quem eu sou, e isso não importa. O que importa é que, de alguma forma, talvez você se reconheça nas minhas palavras. Talvez também se sinta sobrecarregada, perdida ou cansada. E, quem sabe, aqui encontre companhia no caos.

Afinal, todo mundo precisa de um lugar para gritar em silêncio. Esse é o meu.

Assinado:
Anônima
Xoxo.

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